Não tem almoço grátis. Nem liberdade.

Ando tateando o reino dos desejos de um outro lugar que me faz inevitavelmente refletir sobre a liberdade. Ser livre é decidir. Decidir é abdicar de algo. E exercer o livre arbítrio nos exige navegar em mares incertos sob a única certeza de que não se tem certeza de nada.

A maioria das pessoas guarda em si o desejo de ser livre em algum nível. Assim gosto de acreditar. Gosto de acreditar que todos nós, sob algum aspecto da nossa existência, estamos sempre flertando com a possibilidade de algo diferente. De mudar. E imaginar-se livre, imaginar-se num outro lugar, numa outra condição é free! Só que quando trazemos o sonho para a realidade atual de nossas vidas e de longe espiamos o quanto vai custar a mudança – nem todos estamos dispostos a pagar, por mais tentador que seja.

Das alternativas que temos, uma é encaixar-se da melhor forma possível dentro dos moldes existentes da família ou sociedade a qual pertencemos. Com algum desconforto ocasional, elegemos deixar para lá essa coisa de ser livre para fazer escolhas pessoais que rompam com o status quo e tocamos a vida. Não posso negar que às vezes vale a pena o incômodo de não se ser por completo frente ao conforto que o pertencimento nos dá.

Por outro lado, podemos dar nosso grito de independência e em algum nível arriscar romper com os padrões e seguir por um caminho de incertezas e descobrimentos. Navegar por mares que sua família não navegou, que seus amigos não navegaram, sem a menor garantia de onde isso vai te levar. Ganha-se anos luz de experiência a custo de não pertencer a nada nem ninguém que você conhecia antes. E como quase todo mundo que não-pertenceu sabe: não pertencer dói.

No final das contas é isso: não tem almoço grátis(melhor jargão)

O feijão com arroz é ótimo. O Nasi Goreng também.

Se tivermos consciência do que se elege. Quando se elege. Do porque se elege. A liberdade pessoal está garantida. Isso é simples? NEM UM POUCO. É muito mais fácil ser kamikaze e seguir o padrão vigente sem pensar muito. Ou ser kamikaze no outro extremo e ficar refém de impulsos e desejos.

Exercer a liberdade de escolhas conscientes e sustentáveis dá um trabalho enorme! E nesse aspecto eu vejo que a mulher que leu tarot para mim num final de ano de adolescente em Telêmaco Borba estava certa: Menina, você vai trabalhar muito na vida. E aqui estou: por pura escolha, cada vez mais consciente, aqui estou: exercendo a liberdade de trabalhar duro para entender do que se trata tudo isso de ser quem se é – de modo consciente, de modo duradouro.

Com carinho,

Maria.